sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Serra do Gerês - Mata da Albergaria e mergulhaças no Rio Homem


Numa fase inicial a Mata da Albergaria fazia parte da volta da Rota da Mina das Sombras, mas queríamos usufruir do espaço e acabaria por ser apenas o atravessar da Mata para começar a volta realmente dita e o atravessar da Mata para acabar a volta realmente dita. Assim sendo, decidimos fazer, no dia de descanso..., a Mata da Albergaria. Esta mata é um bosque precioso no Parque Nacional da Peneda-Gerês, considerado uma das Reservas Bioenergéticas do Continente Europeu, tal é o seu teor valioso de fauna e flora. É um paraíso de ecossistema, onde os seres vivos interagem aprazivelmente com os elementos inanimados que enfeitam os recantos deste acidentado monumento geológico.




 
Esta mata tem, também, parte do troço da Geira Romana e, ainda erguidos, os famosos marcos miliares.
Tem sido notável a luta entre a preservação da natureza e o ser humano, várias têm sido as tentativas de evitar ao máximo as consequências do rasto do Homem por estas bandas mas nem sempre é fácil. Tudo seria normal se o Homem respeitasse a preciosidade da natureza, obviamente não podemos generalizar, mas continua a ser muito o lixo deixado pelos piqueniques, muitas as inscrições de “Xxxx esteve aqui” como cicatrizes nas árvores, muitos os carros que não se ficam pela breve passagem e teimam em estacionar, muito o desrespeito por esta proeza que é o Gerês... Mas do mal o menos, muito tem sido o esforço de contornar os maus hábitos ensinando as pessoas a usufruir e ao mesmo tempo tomar conta do paraíso... E notam-se melhorias...
Esta foi uma volta “naturistica”... A intenção era passar o dia nas entranhas da mata, sentir a mata, usufruir da mata. Saímos do parque que fica a poucos metros da Barragem de Vilarinho das Furnas onde começa o caminho que nos leva à mata. Esta barragem começou a ser construída em 1971, aquando da criação do Parque Nacional Penêda-Gerês, o seu nome deriva da aldeia, Vilarinho da Furna, que nela ficou submersa. Nos anos de pouca água é possível verem-se as ruínas que restam desta aldeia fantasma subaquática, este ano não foi o caso...





O percurso é de terra batida e contorna a albufeira pelo seu lado direito mata adentro até ficar ao lado do Rio Homem. Todo o caminho é acompanhado por uma melodia auqática, na qual os instrumentos são as rochas graníticas atabalhoadamente encavalitadas no fundo do vale que obrigam a água a dançar para conseguir progredir por aquele labirinto abaixo.
Pedalámos até à Portela do Homem, fizemos uma paragem muito breve para ver as míticas lagoas do Gerês, dignas de todos os postais da região. São realmente bonitas mas de muito fácil acesso, é impossível para nós contemplar a natureza na sua plenitude. Voltamos para trás, para as entranhas da mata, e seguimos um trilho com o intuito de encontrar uma daquelas lagoas isolada.


O barulho começou a aproximar-se, vimos uma ponte de madeira, uma lagoa mas isolada não era com certeza... Estavam umas 20 bicicletas estacionadas no lado de lá da ponte e em cima da mesma com visão para a lagoa estava um rapazito, no seu trabalhinho de férias, a tentar inventar uma ferramenta para conseguir arranjar uma corrente partida... Era o guia dos adolescentes que estavam em grande coboiada às cacholadas no rio. Ter um fuga mecânico é uma mais valia e naquele momento fez a boa acção do dia. Arranjou a corrente e aliviou o stress do rapaz que tinha que pôr aquela malta toda a pedalar, bastava um ter que levar a bicla à mão e a aventura estava comprometida.
Continuámos o caminho, estamos muito altos em relação ao rio, o mato é cerrado e a encosta bastante inclinada, tentamos chegar um pouco mais perto da água e encontramos um trilho que com alguma ginástica nos levará lá abaixo... Arbustos, pedras, troncos caídos, carregamos com a bicicleta, um desce o outro passa e assim sucessivamente até chegarmos à linha de água. Uiiii!!!! Que maravilha!!! Não sei bem como vamos sair daqui mas por enquanto vale bem a pena o sacrifício e os arranhões...






Uma lagoa só para nós, um sol quente de Verão, um céu azul, água luxuosamente translúcida e pedras titãs que usamos como espreguiçadeiras, o que podemos pedir mais???




Depois de muito mergulhar e saltitar pela rochas, começa a entrar uma neblina, umas nuvens, tudo a tapar... bem se calhar é melhor pormo-nos a andar... Subimos aquela encosta numa autêntica escalada de bicicleta às costas e pedalámos a fugir das nuvens.


O temporal vinha de Espanha, para a zona onde seguíamos ainda estava céu azul, mas daquela não nos safámos, já no parque, só tivemos tempo de tomar banho e pouco depois de nos abrigarmos na tenda desabam quilolitros de água... Ainda à pouco a mergulhar naquela lagoa debaixo de um sol abrasador e agora a tirar água da tenda...
            Também estas imprevisibilidades são preciosas quando estamos felizes...

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