quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Aldeia da Mata Pequena

Foi uma fuga natalícia, sem sabermos bem para onde, começámos a pedalar em direcção à Venda do Pinheiro por fora de estrada... Tem chovido muito, os terrenos estão ensopados, as pedras escorregadias, desta vez foi o fuga a ir ao chão logo ao início eheheheh....
Subimos para a Asseiceira Pequena, aqui deixamos mais uma vez a estradas concorridas, fazemos alcatrão mas daquele que apenas serve de serventia aos poucos habitantes que aqui passam. Continuámos a subir, chegamos à Portela, começamos a sentir que estamos longe, bem longe, longe de casa, no isolamento, no rústico, no tradicional... Seguimos em direcção a Santo Estevão da Galés a apesar de estarmos na cumeada desta zona não conseguimos deliciar-nos com a paisagem pois o nevoeiro era tal que não o permitia, a húmidade era tanta que os capacetes pingavam e a roupa acumulava gotículas de água. Os óculos teimavam a embaciar, decidi guardá-los na mochila, mais tarde ía me arrependendo...
Estávamos em caminhos não antes pedalados... Arriscámos descer pela terra, as saudades da terra são muitas, o piso parecia porreiro... Ao início claro... Pois a chuva levou as pedras, os paus e tudo o que rola pela rampa abaixo, abrindo regos e mais regos, fazendo daquele caminho um autêntico fundo de rio, a curva onde se depositam todos estes obstáculos que apanham boleia da água ía estragando tudo... Maldita a hora que tirei os óculos, tinha agora os olhos cheios de lágrimas que verti com a adrenalina da descida, não conseguia ver o caminho nem tirar a mão do travão para limpar os olhos... Parei, não sei bem como, mesmo dentro da curva e daquela tralha toda que ali parou também... foi por pouco... assim que terminei voltei a pôr os óculos...
            A descida levou-nos à Ribeira dos Tostões, passámos a ribeira sem tostões... e subimos a outra vertente do vale, já cá em cima avistámos o Penedo do Lexim... Que zona fabulosa!!! Este Penedo está integrado no Complexo Vulcânico de Lisboa, considerado Património Geológico criada, então, a Zona de Protecção Especial do Penedo do Lexim. Ao lado deste Penedo, bem escondida na encosta do vale está a Aldeia da Mata Pequena. Esta aldeia remonta ao tempo dos romanos, isolada e esquecida no tempo, restam agora uma dúzia de habitantes. Eis que alguém decidiu investir num projecto de turismo de habitação, iniciando um trabalho de recuperação das casas com materiais originais da sua construção, respeitando o passado com a coerência estética, mantendo os elementos tradicionais.




            Um mimo de aldeia, exemplo da Arquitectura Tradicional da Região Saloia onde se conservam genuinamente as casas, as capoeiras, os poços, os currais, os animais, enfim... uma viagem nostálgica ao pouco que ficou nas nossas memórias do que era o passado. Pedalámos 20 quilómetros e parece que fizemos uma viagem ao remoto interior do nosso país, de facto fizemos, ao interior da zona oeste que muito tem para nos mostrar.




            Entrámos na “taberna” para repor os líquidos e quando saímos estão a chegar verdadeiras relíquias automóveis, a aldeia era ponto de paragem de um passei de natal desses automóveis. Apesar de instalada a confusão e de termos perdido a gostosa pacatez da aldeia, estes carros antigos enfatizaram o cenário da viagem ao passado nesta tradicional Aldeia da Mata Pequena.





            A descida para sair da aldeia foi tão deliciosa quanto a força que tivemos que ter nas pernas para subir a encosta seguinte... E muito subimos!! Mas valeu bem a pena, tão perto e tão longe esta fuga...

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